União, Funai e Eletronorte deverão indenizar indígenas por terras inundadas por hidrelétrica no AM

  • 25/11/2024
(Foto: Reprodução)
Ação foi proferida em uma Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF). Hidrelétrica de Balbina. Ayrton Senna/G1 AM A Justiça Federal determinou, nesta segunda-feira (25), que a União, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Eletronorte indenizem os indígenas Waimiri-Atroari pelas terras inundadas nos anos 1980 pela Usina Hidrelétrica de Balbina, no Amazonas. A decisão foi tomada em uma Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF). 📲 Participe do canal do g1 AM no WhatsApp A sentença considerou as provas históricas, antropológicas e testemunhais apresentadas pelo MPF, que demonstraram a ocupação tradicional indígena na região desde o século XIX, incluindo as áreas afetadas pela construção da hidrelétrica. A Eletronorte, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a União também foram condenadas a pagar uma indenização pelos danos coletivos causados aos Waimiri-Atroari, que foram expulsos de suas terras para a construção da usina e sofreram prejuízos devido ao atraso na redefinição dos limites da Terra Indígena. O valor da indenização será determinado em uma etapa futura do processo. A sentença da 1ª Vara Federal Cível também anulou os títulos de propriedade concedidos pelo Governo do Amazonas a particulares sobre a área, que havia sido indevidamente loteada, entre 1969 e 1971, desconsiderando a ocupação dos Waimiri-Atroari. Esses lotes, situados no chamado Loteamento Pitinga, foram posteriormente desapropriados pela Eletronorte para a construção do reservatório da usina. Entenda o caso Durante a ditadura militar, os Waimiri-Atroari sofreram graves violações de direitos, incluindo a execução de obras de infraestrutura em suas terras, como a construção da usina de Balbina. A ação do MPF mostrou que as terras indígenas haviam sido reduzidas de forma arbitrária por decretos federais em 1971 e 1989, limitando a área da reserva e desconsiderando o território tradicionalmente ocupado pelo grupo. Além disso, o Estado do Amazonas loteou a área entre 1969 e 1971 e deu títulos de propriedade para pessoas estranhas à região, desconsiderando a ocupação pelos indígenas. Posteriormente, a Eletronorte desapropriou 66 lotes de 27 proprietários para que a área fosse inundada na instalação da usina. O alagamento causado pela hidrelétrica Balbina alterou o ecossistema, impactou no uso e ocupação da área pelos indígenas e fragmentou sua relação cultural e espiritual com a terra – afetando locais sagrados e tradições ancestrais. O acesso ao rio Uatumã, por exemplo, foi prejudicado e afetou diretamente a pesca, prática essencial para a sobrevivência e cultura alimentar do grupo. Outros impactos incluem a perda de áreas de plantio, caça e coleta, fundamentais para a reprodução econômica e cultural dos Waimiri-Atroari. A área atual do reservatório da usina é ainda hoje utilizada pelos indígenas para pesca e as terras das ilhas, formadas pela inundação, para roças e coleta. Documentário vai exibir dia a dia, rituais, tradições e a história do povo Waimiri Atroari

FONTE: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2024/11/25/uniao-funai-e-eletronorte-deverao-indenizar-indigenas-por-terras-inundadas-por-hidreletrica-no-am.ghtml


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